segunda-feira, 24 de maio de 2010

Bandeira

Eu não quero ver você cuspindo ódio. Eu não quero ver você fumando ópio, pra sarar a dor. Eu não quero ver você chorar veneno, não quero beber o teu café pequeno, eu não quero "isso" seja lá o que "isso" for.

Eu não quero "aquele", eu não quero "aquilo": peixe na boca do crocodilo; braço da Vênus de Milo acenando "tchau".

Não quero medir a altura do tombo; nem passar Agosto esperando Setembro, se bem me lembro. O melhor futuro este hoje escuro, o maior desejo da boca é o beijo; eu não quero ter o Tejo* escorrendo das mãos.

Quero a Guanabara, quero o Rio Nilo; quero tudo ter: estrela, flor, estilo, tua língua em meu mamilo, água e sal.

Nada tenho, vez em quando tudo. Tudo quero mais ou menos quanto. Vida vida, noves fora, zero; quero viver, quero ouvir, quero ver.

(Se é assim quero sim, acho que vim pra te ver).

-- Zeca Baleiro - BANDEIRA

(*) Tejo - um rio da Europa.

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